Compliance: o que é e para que serve?

por | Gestão

Um dos grandes temas que envolve o mundo dos negócios atualmente é o de compliance. Não apenas grandes empresas, como também médias e pequenas estão desenvolvendo ações e práticas para atenderem ao compliance empresarial.

Este tema é de extrema importância, pois em um cenário de alta competitividade e busca de diferenciais de mercado, as empresas devem ficar atentas para todas as variáveis que possam impactar o crescimento do seu negócio.

Por isso, este artigo pretende explicar o que é compliance e sua importância para as empresas, bem como os seus principais pilares de sustentação. Além disso, esclarecer como elaborar e implementar um programa de compliance na sua empresa.

Como surgiu o compliance?

A origem do termo compliance vem do inglês “to comply”, que traduzindo significa “estar em conformidade”, “cumprir com”.  Ou seja, deve ser entendido como uma conformidade com leis, regulamentos externos e internos, padrões éticos e de condutas.

De acordo com Arthur Bobsin, advogado especialista em Direito Administrativo, o compliance surgiu com a criação do Banco Central dos Estados Unidos (Fed), no começo do século XX. Com o intuito de tornar o ambiente financeiro mais seguro, flexível e estável.

Por volta dos anos 1970, foi instituída a Lei Anticorrupção Transnacional nos Estados Unidos (EUA). De fato, esta lei cuidou de estabelecer pesadas penas para empresas americanas envolvidas em atos de corrupção no exterior.

A partir desse fato, as empresas passaram a utilizar as práticas de compliance para obter uma melhor aceitação nos mercados americano e internacional. Assim como melhorar a sua imagem junto a população americana, em termos gerais.

No Brasil, o termo passou a ser empregado a partir de 1992, com a abertura do mercado nacional para as empresas estrangeiras. Sem dúvida, com a alta competitividade existente entre as companhias transnacionais, o país precisou adequar-se ao combate à corrupção.

Depois disso, o termo voltou a entrar em pauta face aos diversos escândalos de corrupção em empresas públicas e privadas na última década.

Assim, tornou-se essencial a promulgação da Lei n. 12.846/2013, a lei Anticorrupção e sua posterior regulamentação com o decreto 8.420/2015.

Para que serve o compliance em uma organização?

De uma maneira simples, a implementação do compliance em uma organização consiste em definir regras e procedimentos para assegurar a conformidade com:

●  A governança corporativa;

●  Os padrões de conduta ética;

●  Os controles internos e externos.

Desse modo, o propósito maior do compliance é evitar problemas no futuro, com a adoção de práticas para cumprir as normas e leis, ou seja, estar em conformidade legal. Além disso, compliance também visa assegurar relações éticas e transparentes nas empresas.

Com isso, é fácil perceber que os maiores benefícios obtidos com a adoção dessa prática em uma organização são:

  • Fortalecer uma imagem positiva da empresa;
  • Aumentar a credibilidade do negócio;
  • Aprimorar a governança corporativa e a captação de parceiros no mercado;
  • Atrair mais investimentos por ser mais valorizada no mercado financeiro;
  • Obter maior potencial para a atração e retenção de talentos;
  • Diminuir os riscos de dificuldades jurídicas, financeiras e legais;
  • Permitir que as ações da empresa se tornem transparentes, justas e sustentáveis;
  • Fortalecer a cultura organizacional;
  • Preservar a integridade da companhia.

É interessante destacar que as ações de compliance servem para muitas áreas e, por isso, existem alguns tipos diferentes de compliance, tais como:

●  Tributário;

●  Empresarial;

●  Fiscal;

●  Trabalhista;

●  Socioambiental.

Conheça os pilares de sustentação do compliance

De forma a implementar o compliance com efetividade, determinados fundamentos devem ser considerados. Um programa de compliance ou integridade envolve todas as áreas de negócio e também de apoio da empresa. Abaixo listamos os componentes, ou pilares mínimos de um bom programa de compliance.

1.º – Comprometimento da alta direção da empresa com o programa de compliance

Tudo começa com a adesão dos executivos de todos os níveis da empresa, para que o programa tenha legitimidade e sirva de estímulo para todos os envolvidos no processo.

2.º – Mapeamento e gestão de riscos

Os riscos de qualquer negócio estão diretamente ligados ao não cumprimento de leis e normas éticas. Por isso, é fundamental uma avaliação a partir de um mapeamento dos riscos que envolvem a empresa.

3.º – Código de Conduta e Ética, Políticas e Procedimentos 

É preciso desenvolver um documento formal para apresentar os padrões de conduta da empresa, que devem contemplar a política de integridade e transparência adotada.

Sem dúvida, o código de conduta assegura a formação de uma cultura organizacional baseada nos princípios de integridade e ética. Além de aumentar a competitividade no mercado. Por isso, já é tida como cultura organizacional de compliance.

Um código de conduta ética tem o papel de servir como orientador maior das condutas de todos os envolvidos com a organização. Nesse sentido, busca estabelecer meios para melhorar os relacionamentos tanto internos quanto externos.

Além de funcionar como importante instrumento para solucionar conflitos de interesses e alinhar os objetivos da organização com a comunidade em seu entorno.

Salientamos que os controles internos são fundamentais para evitar a ocorrência de riscos, de natureza regulatória ou de reputação. De fato, permitem que a gestão possa acompanhar a conformidade da empresa em termos de obrigações externas e código de conduta.

Nesse sentido, os sistemas informatizados facilitam o processo, pois permitem maior rapidez e facilidade para obtenção de informações em tempo real para o controle interno.

4.º – Comunicação e treinamento

A adoção de práticas de compliance só fazem sentido se forem amplamente conhecidas por todos os envolvidos com a empresa. Pois, para colocar em prática, devem entender a mudança e qual é o papel a ser desempenhado por cada um.

Desse modo, os treinamentos são de grande importância e devem ser realizados periodicamente, visando garantir o processo de mudança, adaptação e aprimoramento. 

Saiba que é preciso ter um cuidado muito especial com a implementação de um programa de compliance desde seus momentos iniciais. Isso porque se as ações de divulgação e conscientização não forem constantes e consistentes, os resultados não serão alcançados.

Principalmente, porque todo processo de mudança afeta o clima organizacional e se os funcionários sentirem o programa como uma ameaça, o resultado tende a não ser positivo. Portanto, é fundamental que seja bem divulgado e conhecido por todos desde o início.

5.º – Canais de denúncia e investigações internas

Esta é uma ferramenta importante para a prática de um programa de compliance, já que assegura a existência de um canal para receber denúncias e realizar investigações a respeito de irregularidades ocorridas na empresa.

Para os clientes, parceiros, colaboradores, fornecedores e comunidade é uma forma para se manifestarem com segurança, sem medo de represálias. Inclusive, dependendo da situação, podem oferecer provas ou indicativos para chegar aos responsáveis. 

Além disso, um canal de denúncia e investigações funciona como um meio de assegurar o cumprimento do programa de compliance no ambiente empresarial. Este evidencia o comprometimento da direção com a assertividade dessa prática implementada.

6.º – Due diligence

No mundo corporativo, em diversas ocasiões, há a necessidade de realizar uma análise minuciosa. Em operações como fusões e aquisições ou realização de aportes financeiros em empresas privadas, por exemplo, esta análise demanda uma investigação conhecida como due diligence.

Esta diligência combina pesquisas, auditorias, análises e diagnósticos com o objetivo de averiguar se uma empresa está cumprindo corretamente suas obrigações nas áreas jurídica, financeira, contábil, trabalhista, ambiental, entre outras e se adota as melhores práticas de GRC (Governança, Riscos e Conformidade).

No entanto, a due diligence não se restringe apenas às operações mencionadas acima. Tal prática passou a ser também recomendada para avaliar potenciais parcerias comerciais e contratações de fornecedores, a fim de prevenir futuros problemas. A profundidade da due diligence pode depender do tipo de negociação a ser firmada, podendo ser mais ou menos detalhada, demandando ou não uma auditoria de documentos da empresa avaliada.

7.º – Auditoria e monitoramento

A partir da auditoria e monitoramento constante é possível manter a assertividade do programa de compliance. Desta forma, assegura a conformidade legal e o cumprimento do código de conduta ética adotado.

Além de permitir com facilidade a detecção de qualquer tipo de irregularidade, que venha a comprometer os negócios e a imagem da empresa no mercado. 

Como implantar um programa de compliance na prática?

De uma maneira simples, para implantar um programa de compliance na sua empresa, é necessário seguir os seguintes passos:

1.º – Engajar e ter o comprometimento da a alta administração;

2.º –  Estruturar a área de Compliance e constituir o Comitê de Compliance;

 3.º – Realizar o mapeamento dos riscos de compliance na empresa;

4.º – Elaborar o código de conduta ética, as políticas e procedimentos de apoio, de linguagem acessível e com clareza;

5.º – Criar o canal de denúncias, dando condições para que as inconformidades possam se relatadas, sem medo de punições e perseguições;

6.º – Informar aos funcionários da necessidade e importância de seguir os padrões de conduta estabelecidos no código elaborado e treiná-los com base nas políticas a serem adotadas;

7.º – Realizar o mapeamento de processos internos, auditorias e adaptação de processos;

8.º – Monitorar, gerenciar e aprimorar continuamente o programa e os processos de Compliance.

Entenda o papel do Comitê de Compliance em um programa 

Saiba que o Comitê de Compliance é o órgão responsável por todo o processo de desenvolvimento, divulgação e implementação de um programa de compliance. Sua composição pode envolver diversos profissionais tanto internos quanto consultores externos.

O papel do Comitê é manter as normas e regras sempre atualizadas, bem como o código de conduta ética, além de promover ações de conscientização de todos os envolvidos. Também é papel do Comitê atender denúncias e propor correções de falhas e riscos.

O Comitê de Compliance também é conhecido das seguintes formas:

●  Comitê de Ética;

●  Comitê de Conduta Ética;

●  Comitê de Auditoria;

●  Comissão de Compliance.

Para desempenhar o seu papel, o Comitê de Compliance usa de alguns indicadores, essenciais para sinalizar a assertividade do programa e de sua implementação. Visto que o monitoramento requer meios mais específicos para evidenciar os resultados.

Ao monitorar os indicadores apresentados a seguir, é possível entender como o programa de compliance está realmente funcionando na prática:

●  Treinamento fornecido x planejado;

●  Testes realizados x planejados;

●  Resultados dos exames reguladores;

●  Avaliação de monitoramento do programa implementado;

●  Canal de denúncias;

●  Sistema personalizado;

●  Revisão de auditoria;

●  Pagamento de indenização.

Com o objetivo de gerar valor e fortalecer a cultura organizacional, a Prestex está implantando o Programa de Compliance. Durante este processo, contamos com o apoio da equipe de profissionais muito competentes e experientes da consultoria T4.

A Prestex acredita que estar em conformidade é responsabilidade de todos, e que as organizações precisam estar atentas a esse tema.

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